Demasiado Novo Para Ser Velho é o título da mais recente investigação lançada pelo Divergente no seu site e em breve em papel no jornal Público.

“Os números do desemprego registado em Portugal deixam milhares de pessoas fora das contas oficiais. Guiomar, Rui, Alice e António têm mais de 55 anos e estão desempregados. São mulheres e homens comuns a quem o mercado de trabalho atirou para a margem.” Esta é a sinopse de Demasiado Novo Para Ser Velho, uma investigação do Divergente que conta a história de quatro pessoas a quem o trabalho deu tudo e a quem o desemprego tudo tirou.
Nesta reportagem multimédia, que pode ser vista online através de uma experiência interativa pelas quatro histórias, o Divergente fala de desemprego e de desigualdade, mas também do papel omnipresente que o trabalho ocupa na nossa sociedade e do vazio que fica quando o acesso a essa esfera nos é vedado. Os cálculos do desemprego registado em Portugal deixam de fora milhares de cidadãos. Se todos contassem, o número seria 37% superior, avança aquele órgão de comunicação social.
No final de 2019, Portugal contava 310.482 pessoas inscritas como desempregadas no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Há mais de duas décadas que os números não eram tão baixos. A taxa de desemprego é um dos indicadores mais recorrentes para avaliar o desempenho económico de um país. No entanto, as variáveis usadas neste cálculo tendem a camuflar alguns números importantes. Para o IEFP, 92.102 cidadãos sem trabalho remunerado inscritos em programas de emprego ou formação profissional são considerados “ocupados”. Já os 23.069 que, por motivos de saúde, não estão imediatamente disponíveis para trabalhar entram na categoria de “indisponíveis temporariamente”. Isto significa que há 115.171 pessoas sem trabalho remunerado que não contam para os cálculos do desemprego registado. Se contassem, o número oficial seria 37% mais elevado. Esta estatística é particularmente relevante se se tiver em conta que praticamente metade da população sem emprego é considerada pobre (vive com menos de 501 euros por mês), de acordo com o Instituto Nacional de Estatística. A pandemia causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 congelou a economia e mesmo as previsões mais optimistas prevêem uma das piores crises de sempre. Aqueles que têm mais de 55 anos representam 25% dos inscritos no IEFP. Guiomar, Rui, Alice e António pertencem a este grupo, particularmente vulnerável ao desemprego de longa duração. Fomos ouvir as suas histórias, quase sempre invisíveis – pessoas com uma vida de trabalho em cima, a quem o mercado de trabalho atirou para a margem.
Introdução da reportagem, Divergente