Sem publicidade e sem fins lucrativos, o Divergente vai contar com 150 mil euros durante os próximos três anos para continuar a fazer jornalismo de investigação.

O Divergente foi um dos 11 projectos seleccionados pela Civitates para receber uma bolsa, no valor de 150 mil euros, que promove o jornalismo independente e de interesse público.
“Sermos uma publicação sem fins lucrativos que não aceita publicidade significa que, até agora, todo o nosso trabalho tem sido feito por uma pequena equipa de jornalistas que, além das investigações, se ocupava de todas as tarefas necessárias ao funcionamento de uma organização. Pensar a longo prazo implicaria, sempre, trazer mais pessoas e mais valências, e esta bolsa vai tornar parte disso possível”, escreve o Divergente numa newsletter enviada à sua comunidade. “Desde 2015, as nossas histórias têm sido financiadas individualmente por fundos europeus de apoio à investigação jornalística e apoiadas por organizações não-governamentais e projectos académicos, insuficientes para cobrir os custos reais de cada trabalho.”
De acordo com o Divergente, a bolsa de 150 mil euros atribuída pela Civitates, iniciativa promovida pela Network of European Foundations, irá apoiar o Divergente no desenvolvimento de parcerias com outras publicações europeias de jornalismo independente, permitir ao projecto envolver os cidadãos nas temáticas que investiga, promover debates públicos, melhorar a estratégia de comunicação e procurar outras fontes de financiamento que permitam alcançar uma sustentabilidade a longo prazo.
No total, foram distribuídos 2.467 milhões de euros por 11 projectos de oito países — Magyar Jeti/444.Hu e Direct36 (Húngria), IRPI (Itália), Stichting Bellingcat (Países Baixos), Fundacja Pismo e OKO.press (Polónia), Divergente (Portugal), Átlátszó Erdély e Press One (Roménia), Pod Črto (Eslovénia) e Civio (Espanha). A Civitates privilegiou candidaturas de organizações “oriundas de contextos onde o mercado falhou no apoio ao jornalismo independente, os media foram capturados por actores estatais ou não estatais, ou onde houve um ambiente jurídico hostil para o jornalismo de interesse público”.
“Aproximar o jornalismo das pessoas e fazer discussões públicas sobre os processos por detrás de cada investigação foram alguns dos objectivos a que nos propusemos e que contribuíram para sermos um dos projectos seleccionados pela Civitates”, ressalva o Divergente.