Projeto de jornalismo de investigação em áudio, que produz um dos podcast sde informação mais ouvidos em Portugal, ganha uma nova bolsa da Open Society Foundations com o objetivo de ser 100% financiado pelas pessoas nos próximos dois anos.

Esta quinta-feira, o projecto de jornalismo de investigação Fumaça anunciou que conseguiu um novo financiamento da Open Society Foundations (OSF), no valor de 84 mil euros. O projeto sem fins lucrativos que, no total, já arrecadou mais de 400 mil euros em bolsas de jornalismo, tem como objetivo chegar à sustentabilidade e ser completamente financiado pelos leitores e ouvintes nos próximos dois anos.
Desde de 2018, ano em que o projeto recebeu o primeiro financiamento e se constituiu como órgão de comunicação social, a comunidade Fumaça tem vindo a crescer significativamente. Em 2019, os donativos individuais recorrentes, um total de 400 euros por mês, cobriam cerca de 5% das despesas do Fumaça, enquanto que hoje representam mais de 40%, cerca de 4000 euros por mês. A comunidade de contribuidores Fumaça conta hoje com mais de 1200 pessoas e a contribuição média é de seis euros.
Todos os conteúdos jornalísticos do grupo são de acesso livre, embora haja uma série de benefícios para a comunidade: workshops gratuitos, acesso a um chat exclusivo da comunidade Fumaça, sessões Ask Me Anything com convidados, e acesso aos guiões das entrevistas.
“Vamos continuar a apostar em jornalismo de investigação em áudio, feito com profundidade e tempo para pensar, e queremos ser o primeiro projeto de jornalismo em Portugal a ser totalmente financiado pelas pessoas. Esta bolsa vai ajudar-nos a chegar a esse objetivo”, disse Ricardo Esteves Ribeiro, co-fundador do Fumaça e jornalista.
A Open Society Foundations foi criada por George Soros, investidor e magnata húngaro-americano, e é uma rede de mais de 20 fundações espalhadas pelo mundo que financia projetos e organizações cujos objetivos sejam promover a justiça, a educação, a saúde pública ou o jornalismo independente.
Em Setembro deste ano, o Fumaça já tinha arrecadado mais de 20 mil euros em campanhas de crowdfunding para financiar três séries documentais: mulheres esquecidas pela história; presos e prisões; e o realojamento e eliminação de bairros de auto-construção. Durante o próximo ano, estas três grandes investigações serão o foco da redação, que conta já com vários prémios de jornalismo – entre eles, Gazeta Revelação 2018, pela série “Palestina, histórias de um país ocupado”, Melhor Narrativa Sonora Digital nos Prémios de Ciberjornalismo em 2018, com a série “Aquilo é Europa”, e Podcast do Ano nos prémios Podes 2019.
Sem publicidade ou qualquer dependência de empresas privadas, o Fumaça é detido por uma organização sem fins lucrativos e conta com uma equipa de sete pessoas a contratos permanentes e cinco pessoas em regime de freelance, incluindo um jornalista no Brasil.
A transparência continua a ser um dos principais valores do grupo, que publica regularmente, no seu site, todos os orçamentos, acordos e contratos assinados para que todas as pessoas os possam consultar. O novo contrato assinado com a OSF está, por isso, disponível para consulta pública aqui. Até ao final do ano, o Fumaça compromete-se a publicar no seu site o orçamento aprovado para o ano de 2021.