Fumaça muda de estratégia e garante que não vai acabar

Equipa do Fumaça fez um retiro na Serra do Açor para reflectir sobre o ano que passou e planear o próximo. Mais conteúdo regular e a adequação da equipa à saúde financeira do projecto estão entre as mudanças que o Fumaça pretende implementar já a partir de Janeiro.


Fotografia de Fumaça/divulgação

“O Fumaça pode acabar” ou “o Fumaça vai acabar” foram frases ecoadas pela equipa ao longo dos últimos anos, numa estratégia para alertar para o possível fim do projecto no caso de as contribuições da sua comunidade de ouvintes e leitores não serem suficientes para a continuação do trabalho editorial. Contudo, quatro anos passados, o Fumaça nunca acabou e nunca parou de crescer: a equipa aumentou e as receitas por contribuições directas das pessoas também. Hoje, o Fumaça conta com 4500€/mês em donativos recorrentes da comunidade e com uma nova bolsa da Open Society que espera ser a última: o objectivo é que, dentro de um máximo de dois anos, o projecto seja inteiramente financiado pela sua audiência.

Para tal, depois de um crescimento de 250% em 2020, o Fumaça ambiciona quase duplicar os donativos mensais recorrentes para 9500€/mês até Dezembro do próximo ano. “Ou seja, ter algo como 840 novas pessoas a doar todos os meses para o Fumaça”, explica Nuno Viegas, da equipa, na newsletter enviada à comunidade esta quinta-feira. Contas feitas, o Fumaça prevê um aumento dos donativos em 7% por mês.

Nuno explica que “esta taxa de crescimento seria o suficiente para financiar a redação do Fumaça até Outubro, se não garantirmos nenhuma outra fonte de financiamento entretanto. Caso não aumente o valor que recebemos, ficamos sem fundos para manter a actual redação em Agosto”. O Orçamento do Fumaça para 2021 está disponível aqui e inclui seis pessoas a tempo inteiro e uma a tempo parcial. No caso de as contribuições não crescerem, o Fumaça garante a continuidade do projecto mas com uma equipa de apenas duas pessoas na redacção a tempo inteiro. “O que está em causa é se temos o Fumaça de hoje – uma equipa com seis pessoas a tempo inteiro e uma a tempo parcial, capaz de gerir investigações simultâneas, fazer entrevistas e reportagens, e criar peças com design e banda sonora original – ou um projeto reduzido e reformulado. Somos ambiciosos: queremos o Fumaça de hoje, mas melhor. Para isso, temos de nos tornar totalmente financiados pelo público. É a isso que nos propomos, a médio prazo”, escreve Nuno.

Para 2021, e depois de um ano com menos conteúdos que o habitual, o Fumaça quer investir na produção de investigações com profundidade e em documentários em áudio – o primeiro novo trabalho será lançado já em Janeiro e resulta de uma investigação de dois anos sobre segurança privada. Contudo, o Fumaça pretende apostar na regularidade e vai “dar espaço à redação para criar peças mais pequenas, eminentemente atuais ou experimentais, seja no tema ou no formato”. Vão voltar as entrevistas regulares e as reportagens breves.

Podes ler a mensagem completa do Fumaça aqui.