Fumaça recebe 6 mil euros/mês mas ainda não é suficiente

Projecto de jornalismo quer ser financiado na totalidade pelas pessoas que o seguem.


Com o objectivo de ver o seu jornalismo totalmente financiado pelas pessoas que o consumem, o Fumaça continua a partilhar dados sobre o crescimento da sua comunidade de contribuidores, isto é, as pessoas que todos os meses fazem um donativo para este projecto editorial. O Fumaça diz agora receber mais de 6 mil euros em contribuições mensais recorrentes, ou seja, cerca de mais 1350 euros do que recebiam no final de Dezembro do ano passado.

“Isto significa que cerca de 35% do nosso orçamento é pago pela Comunidade, o que corresponde a quase três salários a tempo inteiro da nossa equipa”, escrevem numa publicação nas suas redes sociais. Se esse valor já daria para pagar todos os salários nas equipas do Shifter ou do Interruptor, por exemplo, no caso do Fumaça ainda é pouco. “Apesar do crescimento em donativos, estamos longe de sermos sustentáveis. Queremos ser o primeiro projeto de jornalismo português a ser totalmente financiado pelas pessoas.”

Os 6 mil euros/mês correspondem às contribuições de mais de 1000 pessoas, sendo que em Janeiro, quando o Fumaça lançou a sua nova série de investigação sobre a segurança privada em Portugal, juntaram-se mais de 200 novas pessoas. A série, intitulada Exército de Precários, tem sido lançada com um novo episódio todas as quintas-feiras, mas os contribuidores do Fumaça puderam ter acesso a vários episódios logo no dia de lançamento.

O Fumaça divulgou estes dados no âmbito da sua política de “transparência radical”. Não é a primeira vez que o projecto partilha números do que gasta e do que recebe, e não será a última. “Se queremos construir algo com as pessoas, financiado por elas, então temos de deixar claro como e onde gastamos o dinheiro, que decisões tomamos, e quem nos financia”, escreve. No site do Fumaça há uma folha de Google Sheets, actualizada trimestralmente, com todas as contas do projecto.