Sinónimo de luta contra a discriminação desigualdade racial, o jornal O Negro volta a ser editado, 110 anos depois, com uma edição comemorativa, digital e gratuita.

O Jornal O Negro foi uma iniciativa de estudantes e activistas negros na luta contra o racismo e a discriminação. Editado durante 22 anos a partir de 9 de Março de 1911, o jornal organizou-se em torno do pan-africanismo, da luta contra o racismo e da reivindicação de direitos para os territórios colonizados. Este jornal, que era dirigido a partir de Portugal, pretendia combater as “iniquidades, opressões e tiranias”, apelava à construção de um partido africano e exigia da República o fim da desigualdade racial.
110 anos depois, O Negro volta a ser editado com uma edição comemorativa, digital e gratuita. Para que este número especial não se perca, foi partilhado através do Archive.org, o grande arquivo da web que preserva milhões de páginas e ficheiros. O jornal ser descarregado em formato PDF através deste link.
Num momento como o actual, em que a sociedade portuguesa e outras entram numa intensa disputa sobre os legados coloniais e racismo, e em que os jovens negros são protagonistas de importantes movimentos sociais, a reedição d’O Jornal O Negro: Orgão dos Estudantes Africanos, dificilmente poderia ser mais oportuna. Trazer para o presente este jornal e revelar a importância do movimento de que ele fez parte é ferramenta imprescindível para questionar o silenciamento constante a que a história dos afrodescendentes e africanos é votada na sociedade portuguesa.
– o colectivo que voltou a editar O Negro, via Facebook
É também homenagear e dar continuidade ao trabalho de Mário Pinto de Andrade que deixou pistas preciosas para que as gerações seguintes pudessem conhecer a sua presença multissecular em solo português e a resistência histórica de que são herdeiros. Assim sendo, reeditar O Negro 110 anos depois não se resume à comemoração de uma efeméride, mas é o exercício do direito à memória, que é, acima de tudo, um instrumento de combate antirracista na atualidade.
O Negro foi reeditado pelos investigadores Cristina Roldão, José Pereira e Pedro Varela, e ao que tudo indica este número comemorativo será único. A edição d’O Negro de 9 de Março de 1911 pode ser adquirida em papel através das seguintes livrarias: Letra Livre (Calçada do Combro, Lisboa), Bazofo & Dentu Zona (Cova da Moura, Amadora) e Tchatuvelah (Rua Amália Rodrigues, Cascais). É possível encomendar online por 5 euros aqui, através do site da Letra Livre.