Divergente recua à Guerra Colonial na sua mais recente reportagem multimédia

Por Ti, Portugal, Eu Juro! é o mais recente trabalho de jornalismo do Divergente, projecto que desde cedo se dedicou a grandes reportagens multimédia. Trabalho conta a história dos Comandos Africanos da Guiné, quase 50 anos depois da Guerra Colonial.


Imagem via Divergente/Média Alternativos

O Divergente apresenta, esta quinta-feira, a sua grande reportagem multimédia mais elaborada de sempre. Por Ti, Portugal, Eu Juro! conta a história dos Comandos Africanos da Guiné, que quase 50 anos depois da Guerra Colonial falaram pela primeira vez de como Portugal os deixou ao abandono.

Por Ti, Portugal, Eu Juro! resulta de um trabalho de investigação que decorreu entre os anos 2016 e 2021. Dividida em quatro capítulos, o primeiro ficou disponível esta semana no novo mini-site do Divergente, em por-ti-portugal.divergente.pt. Para uma experiência completa, é aconselhado o visionamento no computador e com auscultadores. Neste primeiro capítulo, “Sangue e açúcar”, conta-se como o Estado colonial empurrou jovens africanos para o serviço militar, os aliciou com promessas de uma vida melhor e os levou a arriscarem a vida por uma guerra que não entendiam.

Durante a guerra colonial, entre 1961 e 1974, Portugal recrutou meio milhão de africanos para combaterem nas Forças Armadas que, depois das independências de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, foram deixados para trás. Os Comandos Africanos da Guiné foram um dos grupos mais perseguidos: contam-se centenas de perseguições, torturas e fuzilamentos. Hoje, aqueles que ainda estão vivos reivindicam o direito à reforma e à nacionalidade portuguesa.

– Sinopse de Por Ti, Portugal, Eu Juro!

Para Sofia da Palma Rodrigues, jornalista do Divergente, “o golpe de Estado do 25 de Abril de 1974 está envolto numa narrativa vitoriosa que fez vingar a ideia de uma revolução sem sangue, precursora de liberdade, em que um conjunto de militares brancos fez uma revolução pacífica que pôs fim à ditadura. À mesma velocidade com que esta versão da História emergiu, as tropas africanas que combateram ao lado de Portugal foram empurradas para uma realidade bem diferente”, como escreveu numa newsletter.

Em 2016, o Divergente começou a investigar a história dos Comandos Africanos da Guiné – a única tropa de elite do Exército português composta, na íntegra, por africanos. Homens que arriscaram a vida por uma pátria que acreditavam ser a deles e que, depois da Revolução de Abril, foram abandonados à sua sorte. Com o fim da ditadura, Portugal constituiu-se como um país de pessoas brancas e apagou, quanto pode, o legado que décadas de ocupação colonial em África deixaram na sua identidade nacional. A africanização das tropas faz parte dos destroços que as mãos que escreveram a História preferiram ocultar para não manchar a nova narrativa do Estado pós-colonial.

Hoje, quase 50 anos depois, já não temem represálias nem têm medo de falar. Querem que os seus nomes sejam recordados e lhes devolvam os direitos ganhos no campo de batalha.

Divergente envia cartas e apresenta nova identidade visual

Num mundo em que os feeds de redes sociais e mesmo as caixas de e-mails estão congestionadas de informação, o correio postal pode ser um belo veículo de comunicação. Para lembrar os seus leitores do lançamento da sua nova grande reportagem, o Divergente enviou cartas.

O projecto conta continuar a enviar cartas para falar dos seus novos trabalhos; neste primeiro envio, os leitores receberam dois postais de dois protagonistas da nova reportagem. A equipa do projecto tinha pedido, em Julho passado, as moradas aos seus leitores.

Se quiseres receber futuras cartas, inscreve-te aqui.

Já antevendo o lançamento da grande reportagem, o Divergente renovou a sua identidade visual. Um trabalho desenvolvido depois da bolsa que o projecto recebeu no final do ano passado. Entre o final do ano e o início do próximo, o Divergente conta trazer este novo aspecto gráfico para um novo site, que reorganize também os trabalhos de jornalismo que já apresentaram e aqueles que irão lançar no futuro.

Imagem via Divergente

Podes continuar a acompanhar Por Ti, Portugal, Eu Juro! no site do Divergente, subscrever a newsletter para saberes mais sobre o lançamento de novos episódios e deixar a tua contribuição monetária para o projecto. Esta quarta-feira, 30 de Setembro, o Divergente realizou uma uma apresentação pública desta grande reportagem no dia 30 de Setembro, às 19 horas, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.