Fumaça diz: “Estamos atrasados”

Ricardo Esteves Ribeiro, jornalista do Fumaça, esclareceu numa newsletter recentemente enviada aos seguidores do projecto porque é que não estão a sair novos trabalhos. “Nada me daria mais prazer que estar, neste momento, a anunciar a data de publicação de mais uma série como a última que lançámos, no início deste ano.”


Fotografia cortesia de Fumaça

Exército de Precários, investigação do Fumaça sobre a segurança privada em Portugal, foi lançada no início deste ano. Desde então, o projecto de jornalismo tem vindo a lançar alguns trabalhos mais curtos, com uma regularidade mais ou menos mensal. São sobretudo entrevistas integradas na sua rubrica É Apenas Fumaça. O Fumaça tem, desta forma, cumprido a sua promessa de apostar na regularidade neste ano e de regressar às pequenas entrevistas. Ainda assim, “sinto que (…) estamos atrasados”, diz Ricardo Esteves Ribeiro.

“Nada me daria mais prazer que estar, neste momento, a anunciar a data de publicação de mais uma série como a última que lançámos, no início deste ano. Só que ainda não está pronta.” Ricardo Esteves Ribeiro enviou, na semana passada, uma newsletter aos assinantes do Fumaça. “Sentimos que te devemos explicações.” E Ricardo explicou: “Neste momento, estamos a trabalhar em três investigações ao mesmo tempo: uma delas sobre saúde e doença mental; outra sobre violência policial, discriminação judicial e o que significa ser polícia em Portugal; e outra sobre o sistema prisional português. A última das três não tem ainda fim à vista: o que temos são apenas pequenas histórias, alguma investigação teórica e entrevistas com alguns investigadores sobre este tema. Passemos às outras.”

“No trabalho sobre saúde mental, todas as entrevistas estão feitas, a investigação está terminada, e temos já os cinco primeiros episódios escritos (não vos digo quantos serão, no total, porque nem nós temos ainda a certeza absoluta). A banda sonora original está também completada, pronta a encaixar no resultado final. Mas ainda falta escrever muito, gravar narrações, editar som, tratar do sound design, tratar da verificação de factos, entre tantas outras coisas.

A investigação sobre violência policial, discriminação judicial e o que significa ser polícia em Portugal está um passo atrás. A investigação está quase terminada — faltam umas poucas entrevistas —, a banda sonora vai pelo mesmo caminho, mas ainda só temos um episódio escrito. É nisso que me tenho focado nas últimas semanas: escrever, escrever, escrever. E ler, ler, ler.

Esta será, talvez, a primeira vez na história do Fumaça em que teremos, pelo menos internamente, duas séries prontas, uma a seguir à outra. Mais que isso, estes são, arrisco dizer, os dois mais ambiciosos trabalhos que alguma vez publicámos – tanto em termos sonoros, como de narrativa. Vêm aí momentos importantes, com muita e boa coisa a sair cá para fora, acredita em mim. Mas ainda vamos ter de esperar alguns meses. Até lá, fica connosco.”

– Ricardo Esteves Ribeiro, na newsletter do Fumaça

Ricardo reitera na newsletter que “no Fumaça, os trabalhos só estão prontos quando estão prontos” e refere que, apesar da regularidade mas sem as novas investigações a sair, “os últimos meses têm sido difíceis” porque “o crescimento em contribuições recorrentes que tivemos na primeira metade do ano estagnou”. “Não crescemos há vários meses”, diz. A newsletter termina com a publicação das contas trimestrais do projecto e com um incentivo à criação de uma subscrição mensal.

Já numa conversa recente, no café A Brasileira, promovida pelo jornal A Mensagem de Lisboa, Ricardo Esteves Ribeiro acrescentou que o Fumaça pode vir a receber uma nova bolsa de jornalismo, que poderá ajudar o projecto na ambição de se tornar 100% sustentável através das contribuições dos seguidores.

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