Fumaça já arrecadou meio milhão de euros da Open Society

Nova bolsa no valor da Open Society Foundations (OSF) no valor de 170 mil euros é a segunda mais alta das quatro bolsas que o Fumaça recebeu desta organização.


Foram 80 mil euros em 2018, 175 mil em 2019, 84 mil em 2020 e agora 170 mil euros em 2021. O órgão de jornalismo de investigação Fumaça ganhou uma nova bolsa da Open Society Foundations (OSF). No valor de 170 mil euros, este é o quarto apoio financeiro dado pela fundação ao Fumaça e servirá para ajudar o colectivo a ser um projecto de jornalismo financiado pelas pessoas.

A nova bolsa garante mais dois anos de Fumaça, o tempo de que o órgão de comunicação social diz precisar até ser totalmente financiados pelas pessoas da sua Comunidade. Desde 2018, ano em que recebeu a primeira bolsa da OSF e se constituiu como órgão de comunicação social, o Fumaça tem crescido significativamente em número de ouvintes e subscrições pagas. Hoje, recebe cerca de oito mil euros de subscritores mensais, o que corresponde a 55% dos custos da redacção. No total, desde 2018, o Fumaça já recebeu 133 mil euros em contribuições mensais da sua Comunidade.

Em Outubro, o Fumaça reconheceu dificuldades em manter uma tendência de crescimento no total de contribuições mensais dos seus ouvintes e leitores, devido ao não lançamento de novas investigações. O Fumaça tem uma prática de jornalismo lento, que demora tempo e que, por isso, é incompatível com um ritmo de publicação mais regular. Quando o colectivo publica séries como o Exército de Precários, uma investigação sobre a segurança privada em Portugal, costuma observar um crescimento nas contribuições mensais. Foi o que aconteceu com Exército de Precários, que saiu no início de 2021. “O crescimento em contribuições recorrentes que tivemos na primeira metade do ano estagnou” e “os últimos meses têm sido difíceis”, admitia Ricardo Esteves Ribeiro, do Fumaça, numa newsletter no mês passado.

O Fumaça, nas plataformas de podcasts, conta com um milhão e 400 mil audições e conta com uma comunidade de subscritores de mais de 1500 pessoas, revelou agora. A nova bolsa da OSF vem dar um novo fôlego ao projecto, que espera até 2023 conseguir não depender mais de financiamento deste tipo e viver somente de contribuições de quem lê ou ouve o seu jornalismo. Actualmente, a redacção do Fumaça está a trabalhar em três grandes investigações: saúde e doença mental; violência policial, discriminação na justiça e a vida de polícias em Portugal; e o sistema prisional português. “Durante o próximo ano, estas três investigações serão o foco da redacção”, refere o Fumaça em comunicado.

“Sem publicidade ou dependência de empresas privadas, o Fumaça é detido por uma organização sem fins lucrativos e é gerido pela redacção. Conta com uma equipa de sete pessoas com contratos permanentes e três pessoas em regime de freelance, incluindo um jornalista no Brasil”, lê-se na mesma nota. “Esta bolsa de apoio ao jornalismo da OSF é estrutural. Vai ajudar a manter o funcionamento regular da redação, assegurando contratos de trabalho, investimento em material e tempo para trabalhar no crescimento de subscrições pagas.”transparência continua a ser um dos principais valores do órgão de comunicação social, que publica regularmente, no site, todos os orçamentos, acordos e contratos assinados para que todas as pessoas os possam consultar. O novo contrato assinado com a OSF está disponível para consulta aqui.