Fumaça procura novo espaço para a sua redacção

Projecto aprovou ainda um aumento salarial de 6%.


Fotografia cortesia de Mídia Ninja, CC BY-NC 2.0

As novidades são partilhadas na newsletter desta quinta-feira, 6 de Janeiro, a primeira do novo ano. “Prevemos investir numa mudança de redacção e na construção de um novo estúdio, com mais espaço e melhores condições de trabalho e de gravação”, escreve o jornalista Nuno Viegas.

O Fumaça prevê neste 2022 dizer adeus ao Disjuntor, o nome do espaço no Bairro Alto, bairro de tradição jornalística, que partilha quase desde a sua fundação com a cooperativa de criação multimédia Bagabaga Studios e o estúdio de arquitectura Traça. “É francamente pequeno demais (estamos sem lugares à mesa para toda a gente) e não nos permite ter um estúdio de gravação áudio devidamente isolado (é proibido falar sempre que há uma gravação). Tem-se tornado crescentemente insustentável”, diz Nuno.

Assim, o Fumaça espera encontrar uma nova casa para a sua redacção durante este ano e, por isso, orçamentou já um aumento com as despesas com a renda e manutenção do espaço de trabalho. Em média, o Fumaça consta gastar 19 624€ por mês em 2022. “Manter uma redacção não custa o somatório de uns quantos salários mínimos. É preciso pagar espaço, mesas, cadeiras, impostos, servidores, viagens, livros, contabilidade, e salários justos para toda a equipa.”

Há mais alguns factores a pesar no orçamento do Fumaça para 2022: a Joana Baptista, designer, fotógrafa e mestre do visual do Fumaça, passa a trabalhar connosco a tempo inteiro; e foi contratada uma pessoa para tratar da administração e contabilidade da associação que serve de suporte ao Fumaça, o Luís Marquez, “permitindo que jornalistas da redacção se possam focar em fazer o seu trabalho – jornalismo”. Foi ainda aprovado um aumento salarial de 6% para toda a redacção.

Recorde-se que, no final de 2021, o Fumaça lançou uma campanha para chegar aos 9 470 euros em contribuições mensais, um objectivo que tinha sido estipulado no início do ano. Também em 2021 o Fumaça recebeu uma nova bolsa no valor de 170 mil euros da Open Society Foundations, que espera que seja a última pois o objectivo do projecto é depender exclusivamente do financiamento do seu público.

Fumaça e Kilt cessam parceria

O episódio de Dezembro de Inspecção Periódica foi o último produzido com envolvimento do Fumaça. O programa de comédia escrito e apresentado por Dário Guerreiro continuará a ser publicado, agora sem apoio à pesquisa nem verificação de factos da equipa Fumaça.

A colaboração termina em Janeiro de 2022 por falta de condições financeiras para garantir a remuneração do Fumaça pelo trabalho prestado. Desde Maio de 2021, a Kilt, agência de Dário Guerreiro, entre outros humoristas, pagou ao Fumaça o equivalente a 400 euros por mês, gerindo quaisquer receitas provenientes e gastos decorrentes do projecto. O Fumaça facturou, no total, 3 200 euros.

Inspecção Periódica abordou, desde Setembro, o funcionamento do poder local, o estigma em volta da doença mental, a prevalência da violência doméstica e os favorecimentos à Igreja Católica em Portugal. O programa vem sendo lançado no YouTube de Dário Guerreiro mensalmente.